quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Rui Caeiro

Quando a manhã se insinua
e os corpos, obstinados, não querem
e não deixam e mais e mais
se escondem dentro da cama até
ao sufoco bom do fim da noite...

Coisas que só sabemos de ouvir dizer
manhãs assim não o conheceremos nunca
já que temos o amor, o desejo e mais
nada, temos pouco tempo e mais nada
e depois disso ainda a fome

que sempre nos sobra ou sobrevém
Quanto ao mais - dormir, acordar
juntos, passear à beira-mar, envelhecer
juntos como faz toda a gente
- ora esquece mas é.

in O Quarto Azul e Outros Poemas, edição Letra Livre, 2011.

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