Chega de conversas.
Chega de matrimónio.
Chega de veios de perfume num lenço
que não uso há um mês, a sua voz voltando
para me assombrar, e o céu à Hundertwasser
elegia para um coração abandonado
recusando o que antes confundiu com misericórdia.
Nunca é o que queremos, para sempre;
pedimos outra coisa qualquer, um Reich eterno
de presentes inesperados e dolce vita,
flores de pêssego esborratando o vidro e um maduro
vislumbre dos velhos tempos nesta casa
onde, a cada noite, tentámos e não conseguimos ressuscitar
aquela coisa de penas que trouxemos do quintal,
depois de ter vindo morrer no quadrado da nossa janela.
Tradução de Ricardo Marques
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