terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Gosto do mau tempo

Gosto do mau tempo.
Chuva dura no outono.
Neve pesada pelo Natal.
Liberta e alivia
algo congelado e varrido pelo vento dentro de mim.

- deitado num celeiro de feno
quando a chuva bate no telhado de lata,
e a floresta vagueia na névoa cinzenta!
É como finalmente chorar
completa e livremente
depois de uma longa hibernação na terra nua da mente.

Ou deslizando de esquis sobre o paul
num dia de Janeiro,
quando os flocos de neve jorram
pelo espaço como faúlhas brancas.

E o mundo pia,
pia com brancos sussurros
no céu –

Então estás só pela primeira vez,
completa e gloriosamente só.
Sabes que até os teus rastos de esqui
são apagados
assim que vais.

Sim, eu gosto de mau tempo.
Mas a visão do vôo dos pássaros pelo outono
pesa-me na mente.

Estive frequentemente em solo elevado
quando os guindastes guinavam para sul
com o sol por baixo de suas asas cinzentas.
Então soube tristemente
que amo o mau tempo
porque é cinzento –

como o esquecimento.

(1949)
Poema retirado daqui.

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