quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Partir


Não sei
se te deixei partir

Mas num segundo
já não estás na minha mão
nem à minha frente no papel

Ficando eu sem saber
quem eras
quando te encontrei

Se o retrato que de ti
tracei te é fiel

Ou se de tanto te inventar
eu te perdi, por entre
as florestas das histórias

Penumbras dos palácios
Pensamentos, poesias e diários
Oceanos e ventos

Pois nem sequer
percebo se por mim
te afastei ou te larguei

Se obstinada fugiste
ou te esqueci
Se a Torre onde te pus é de Babel

E dela partirás
para viver a única
paixão da tua vida

Não, nem sequer sei
qual foi o meu olhar
pousado em ti
Se com ele te espiei
te persegui
E no espelho onde te vias

Eu te olhei

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