sábado, 8 de março de 2014

Ficarás para sempre abraçada a um navio naufragado

Como é audível o teu amor. O teu cuidar triste de uma coisa triste. A tua dependência das coisas escuras. A tua necessidade de enrolares as palavras que te explicam. As pedras intensas dos teus olhos, filhas do peito e tão frias. Tão impossíveis no sal da tua vida. Ficarás. Ficarás para sempre abraçada a um navio naufragado, mas que é capaz de existir assim. E tu és tão capaz de amar em surdina, de possuir o frio do nosso silêncio, morrendo tu, todas noites, caindo devagar no nosso sono comum.

in ré menor

Texto retirado daqui
Fotografia de Giulia Bersani

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