terça-feira, 25 de junho de 2013
Faccia
Pur di non perdere la faccia
di fronte a voi,
a quante cose ho rinunciato.
Non vi angustiate per me: stare senza ormai
mi viene naturale, non mi costa
quasi più niente.
Da tanto tempo le ho lasciate andare,
e tanto profondamente,
che se me lo chiedeste non saprei
dire bene cos’erano
e se davvero le volevo. In testa
è vuoto, il loro posto.
Neppure dei desideri
c’è più una traccia.
Solo la faccia mi resta.
Eccola: è vostra.
in Voi / Photo
Talvez eu seja sorumbático
Tu não sabes os lugares por onde andei. Tu não sabes porque que é que a voz me falha e as pernas tremem. Tu não conheces os meus desertos. Beber sete cervejas e cambalear por causa de uma conversa e de uma foto do Che. Emborcar whisky após whisky e debitar poemas de amor e sangue perante uma plateia que tanto me ama como me odeia. Tu não sabes os paraísos e os infernos que levam a uma só palavra, a uma só canção. Há um mundo entre nós. Um mundo que nos separa e divide. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
Tu desconheces os meus caminhos. Conheces parte das minhas fraquezas e dos meus silêncios. Talvez nunca seja possível encontrarmo-nos. Talvez os nossos caminhos nunca mais se cruzem. Talvez o código, a tribo, o ritmo não coincidam. Talvez a linguagem não se esteja a adequar. Talvez eu seja sorumbático. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
In Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll
domingo, 23 de junho de 2013
Book of Longing
I don't remember
lighting this cigarette
and I don't remember
if I'm here alone
or waiting for someone.
in Book of Longing (2006)/ Livro do Desejo, ed. Quasi (2008)
Obrigado I.R. pela partilha**
Obrigado I.R. pela partilha**
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Aniversário
Não compreenderás
para que é que voltei.
Talvez, aí deitada,
não compreendas
nada do que vive.
Voltei, apesar de tudo,
para falar-te outra vez.
(Está molhada
e limpa a colina.)
Ainda te vejo
com o rosto de sempre
e os cabelos, em seu reino
de fumo, algo encanecidos.
Não tenho olhos
para mais. Não és
talvez assim e é isso a morte.
Voltei para te falar.
Estou aqui. Não compreendes
nada. Esqueci-te
tanto e consegui
esquecer-te tão pouco.
Estou alegre: às vezes
não me recordo de ti
(também isso é a morte?).
Não sei se me compreendes,
nem sequer
se estás aqui ou deslizas
por um ar que nunca
pesou sobre a minha boca.
(A colina, apesar de tudo,
está quieta debaixo do céu
tal como dantes.)
Mas ouve-me se puderes.
Num dia como o de hoje
caiu a neve,
arrebatadora. Eu cumpro,
inutilmente, o rito. Mas não importa;
não podes compreender-me.
Tudo foi cortado.
Poema incluído em A modo de esperanza (1954).
Tradução de Osvaldo Manuel Silvestre.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Jardim Noturno
Amor, escuta um segredo
Tua pele é lisa, lisa
Minha palma que a analisa
Não tem medo: fica nua.
Fica de tal modo nua
Que eu, ante tanto abandono
Transforme o desejo em sono
E não seja apenas teu.
Via Sr. Teste
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
terça-feira, 11 de junho de 2013
A Queda
Je suis tombée
amoreuse, foi o seu
primeiro encontro
com o chão
Dessa vez partiu
em cacos o coração.
Os ossos só mais tarde,
um por um,
contra a terra.
C'est fou la vie,
essa derrocada
a que apenas resistem
memória e pássaro,
em voo picado.
in Revista Grisu nº 01
segunda-feira, 10 de junho de 2013
mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.
De que me serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu
recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para parar-me, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti
que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,
mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu
recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para parar-me, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti
que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,
mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.
como o corpo se ajusta à superfície
Por uma vez conta como o corpo se ajusta à superfície
das tuas palavras. Fala de um depois anterior, desse sono
demente na fissura da luz; do violento voo ou da ferida
cíclica, a ausência excedendo-se na pele quando a desoras
perfumas minhas mãos. Estende-se o calor aos lábios,
o Verão simula a duração no verso, circula a água, vigorosa,
no fundo do poço até desaparecer na cama muda.
Nada é o que parece, lembra-se o que se esquece e eu digo
os dedos descalços dissolvem em tua boca o mel à flor dos
destroços. Olha-me: deita o olhar em meu vestido, tira-o
num gesto ébrio e precipitado como a um prisioneiro,
os peixes sobem lestos no lago imoderado e a noite volta,
lenta, adormecida. Dou-te o que não tenho – a história
de um rio exultante a explodir na boca em versão romântica,
poema sem trágicos sulcos ou fala completa. E tu, tu dás-me
o que sou: metáfora doendo-se alto onde acaba o texto.
Por isso de lama e amor se faz a caminhada
Caminho com o sol e com a chuva
Caminho com a escuridão e com a estrada
Os pinheiros e os regatos as pedras e a paisagem
caminham comigo incessantemente
e levemente também eles soçobram
também eles deixam as suas pegadas
onde a poeira levanta e nunca baixa
onde, diz-se, todos os encontros se dão
E como se tocasse a todos encontrar-se
continuamos a procurar-nos como cães de caça
Por isso de lama e amor se faz a caminhada
e na estrada o vestido pesando quase nada sinaliza o corpo
como uma bandeira sinaliza a paz durante a guerra
e eu libertando-me a pouco e pouco da bagagem
libertando-me a pouco e pouco da tua miragem
vou perdida e encontrada na berma do sol.
http://patioalfacinha.blogspot.com.br/
Balada da Rua Damasceno Monteiro
morrer, principalmente de amor, é
uma compendiosa tarefa doméstica
uma compendiosa tarefa doméstica
in Balada da Rua Damasceno Monteiro
domingo, 9 de junho de 2013
her deer heart
¡Ay, qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.
¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?
¡Ay, qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
Poema Es Verdad
Foto her deer heart
quererte como te quiero!
Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.
¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?
¡Ay, qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
Poema Es Verdad
Foto her deer heart
everything dies
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que hão de me lembrar de modo menos nítido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
Poema Ladainha dos Póstumos Natais
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que hão de me lembrar de modo menos nítido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
Poema Ladainha dos Póstumos Natais
sábado, 8 de junho de 2013
Kiss me, and you will see how important I am
But everybody has exactly the same smiling frightened face, with the look that says: ‘I’m important. If you only get to know me you will see how important I am. Look into my eyes. Kiss me, and you will see how important I am.
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