terça-feira, 10 de abril de 2012
Brandamente, por vezes, te desvio
Tenho, ainda, o teu corpo nos meus braços;
Sobre os meus ombros, teu cabelo.
Descansando dos meus e teus cansaços,
Tu dormes por nós ambos. Só eu velo.
Nos meus braços teu corpo estremeceu,
Desse tremor o meu foi percorrido.
Colados, curva a curva, onde começa o teu?
Onde se acaba o meu? Teu e meu têm sentido?
Teu ligeiro suor penetra a minha pele:
Teu suor dos transportes de há momento
Que me atrevo a provar como quem lambe mel,
Em que refresco as mãos como num leve unguento.
Brandamente, por vezes, te desvio
De mim, para melhor, depois, sentir
Que és bem tu que eu agarro, acaricio,
Bem tu que eu pude, em mim, fundir.
Ai, anular-te em mim sem te perder!
Aniquilar-me em ti, - mas sendo nós!
Velo, e nem sinto a noite discorrer.
Sonho, e que sonho de que amor feroz?
Se ela viesse agora, Aquela que em seu manto
de silêncio e de sombra nos transporta,
Não seria melhor, meu doce encanto?:
Poder eu, ao morrer, ver-te já morta?
Porque amanhã,
Se não mesmo esta noite, o nosso inferno
Não mais permitirá que qualquer sombra vã
Da glória dum momento eterno.
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