Teus pés são mais delicados do que os de Tétis, a argêntea.
Entre teus braços cruzados, aproximas os seios
que docemente embalas como dois belos corpos de pombas.
Sob os cabelos, dissimulas olhos húmidos e cintilantes,
uma boca trémula e as flores carmim de tuas orelhas;
mas nada deterá o meu olhar, nem o sopro quente do beijo.
Porque, no segredo do teu corpo, Mnasídica bem-amada,
és o receptáculo-gruta das ninfas, de que fala o velho Homero,
o lugar onde as Náiades tecem roupas de púrpura,
o lugar de onde escorrem, gota a gota, fontes
inesgotáveis; da sua porta Norte, descem os homens;
pela sua porta Sul, entram os Imortais.
in O Sexo de Ler de Bilitis, Relógio D'Água, 2010.
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