Vivemos no tempo - ele contém-nos e molda-nos - mas nunca senti que o compreendesse muito bem. E não me refiro a teorias sobre o modo como cede, recua e dá meia volta, ou poderá existir algures em versões paralelas. Não, falo do tempo comum, quotidiano, que os relógios de pulso e de parede nos garantem passar regularmente. Existe algo mais plausível do que um ponteiro de segundos? E todavia basta a menor dor ou prazer para nos ensinar a maleabilidade do tempo. Há emoções que o aceleram, há outras que o abrandam. Às vezes parece desaparecer - até ao ponto em que desaparece mesmo, para nunca mais voltar.
in O Sentido do Fim, edição Quetzal, 2011.
Via Inês Espada
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