"Tem algum verso de que goste muito?
Há um verso da Ilíada que é dos mais importantes da minha vida. Aparece duas vezes, diz o seguinte: “A estas coisas permitiremos o terem sido”. Aquiles olha para trás, para as coisas que estão para trás na vida dele, depois de as enumerar.
É uma forma de dizer...
Vou aceitar que o passado existiu desta forma, não vou entrar em luta com o que foi o passado, vou centrar-me no agora e no futuro. Esse verso é de uma profundidade espantosa. Não é óbvio. Muitas vezes estamos ainda a lutar com os anos que já passaram. Estamos a tentar entendê-los.
A fazer as pazes.
Sim. Chegar a esse ponto, de permitir que o passado tenha sido assim, é de absoluta lucidez."
O leitor do mundo ─ Frederico Lourenço entrevistado por Anabela Mota Ribeiro para o Jornal Público.
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